Pusilânime - Pusilanimidade (defeito)
(do lat. pusillanimus; formado de pusillus, pequeno, e animus, espírito, alma)
"Há na sociedade homens que, por sistema, não têm opinião sobre nada, e que nada mais temem do que ter que se pronunciar. Eles concordam com a opinião de todos, para não se comprometer com ninguém; temem ter opinião, porque seria preciso sustentá-la. Nos negócios, jamais têm coragem de tomar uma resolução; fazem rodeio entre os partidos, buscando ficar em cima do muro; não se decidem diante das oposições, antes tentam acomodá-las. Para esses homens, o mais forte sempre tem razão; estão sempre de acordo com aquele que fala por último. Temem acima de tudo comprometer-se de maneira a perder o poder sobre seus movimentos e seu futuro. Ve-se em nossos dias uma multidão de covardes dessa espécie. Nada amesquinha mais o coração e o espírito, rebaixa e diminui a alma: é o que indica a expressão pusilânime (pusilla anima).
Dissemos que a ausência de coragem era habitual ou passageira porque, apesar de a pusilanimidade ser geralmente um defeito natural, inerente à natureza, há muitas pessoas que são pusilânimes apenas em algumas circunstâncias. Quantos não vemos, por exemplo, que têm força de espírito, coragem na alma, firmeza de caráter, e que, no entanto, à mais ligeira indisposição perdem todas essas eminentes qualidades! Quantos espíritos superiores que diante de pequena enfermidade se tornam pusilânimes! Quantos, inquietos, agitados, tremendo, temem tudo o que os rodeia, creem-se ameaçados por acidentes imprevistos, veem a morte diante de si como um fantasma terrível, sempre prestes a golpeá-los! Daí a definição dada por Teofrasto: “A pusilanimidade é o estado da alma que se sente desencorajada à vista do perigo.” Isso é tão verdadeiro, que conheci um bravo general que havia conquistado toda sua graduação na ponta de sua espada, e que também tinha sido soldado, mas se ficasse doente tornava-se de uma pusilanimidade tal, que ao ver uma lanceta sendo aproximada de seu braço tinha uma síncope. "Eu preferiria enfrentar um batalhão neste momento, dizia ele a seu médico, do que você e seu instrumento cirúrgico.”
A pusilanimidade, como dissemos, é permanente ou passageira: passageira, desaparece com a causa que a produziu, e não devemos mais com ela nos preocupar; permanente, liga-se à fraqueza de espírito e à falta de coragem: é preciso então fortalecer um e dar a outra." (Dictionnaire des facultés intellectuelles et affectives de l’âme. Paris 1849. Traduzido do francês pela equipe do GEAK.)